Na 25ª Exposição Agropecuária de Sidrolândia, o campo ganhou um brilho diferente. Desde a última terça-feira (10), o Parque de Exposições está repleto de atividades que vão desde palestras sobre crédito agrícola até rodeios e shows. Mas entre bois, máquinas agrícolas e bancas de comidas típicas, uma presença marcante se destacou: as mulheres. Este ano, o Senar/MS (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) trouxe uma agenda especialmente voltada para elas, com o objetivo de mostrar que o agronegócio, tradicionalmente dominado por homens, está em plena transformação.
Uma vitrine para as mulheres do agronegócio
Hoje, quinta-feira (12), o palco da Vitrine ATeG Leite será delas. Paula Martins, coordenadora da ATeG Bovinocultura de Leite, subirá ao microfone para falar sobre algo que, para muitos, ainda parece novidade: o protagonismo feminino no campo. Sim, as mulheres estão assumindo o volante de tratores, gerenciando fazendas e cuidando do gado. Em Sidrolândia, um município que se orgulha de sua tradição leiteira, 30% dos produtores atendidos pelo Senar são mulheres. E, como explica Paula, “elas não estão apenas ocupando espaço, estão mudando o jeito de fazer as coisas”.
Não se trata apenas de produção de leite. As mulheres trazem uma nova lógica de gestão ao campo, mais atenta aos detalhes, algo que, segundo a supervisora Natália Leite, faz toda a diferença. “Produzir leite é um trabalho de rotina, de cuidar de cada detalhe todos os dias. E as mulheres têm essa habilidade de organizar, de olhar para o todo, mas sem perder de vista o particular. Isso impacta diretamente na produção”, diz Natália, com a tranquilidade de quem já viu muitas propriedades prosperarem sob a liderança feminina.
Autoridades e produtores acompanham palestra na 25ª Expo Sidrolândia, destacando a importância do agronegócio para a economia local.
Sidrolândia: um palco para o agronegócio
A Expo Sidrolândia, além das palestras, também é uma vitrine para o que o agronegócio tem de melhor. Com uma expectativa de público de 40 mil pessoas, o evento reflete a importância econômica da agricultura e da pecuária para Mato Grosso do Sul. O tema deste ano, “Semeando o Desenvolvimento e Colhendo o Progresso”, soa quase como um mantra entre os produtores que desfilam pelo parque. O sentimento de que, mesmo com crises climáticas e econômicas, o agronegócio segue forte e resiliente permeia cada roda de conversa.
No entanto, o evento também é uma oportunidade para resolver pendências. Na sexta-feira, os produtores terão a chance de esclarecer dúvidas sobre a legislação de agroquímicos e o descarte correto de embalagens vazias. Pequenos detalhes como esses, que às vezes passam despercebidos no calor do trabalho rural, podem ser cruciais para garantir a sustentabilidade e evitar multas pesadas.
Lideranças do agronegócio marcam presença na Expo Sidrolândia, ressaltando a força do setor na região.
Um evento de autoridades e discursos
A abertura oficial, na última terça-feira, trouxe uma chuva de elogios à organização. Frederico Stella, diretor-tesoureiro da Famasul, foi um dos primeiros a destacar a grandiosidade do evento. “Organizar um evento como este é como montar um quebra-cabeça, e o Sindicato Rural de Sidrolândia conseguiu encaixar todas as peças”, disse, numa tentativa de traduzir o que representa a Expo Sidrolândia em um ano que, para o campo, foi cheio de desafios.
O diretor-tesoureiro da Famasul, Frederico Stella, discursa na abertura da Expo Sidrolândia, destacando a importância do evento para o fortalecimento da economia local e o agronegócio.
O presidente do Sindicato Rural de Sidrolândia, Paulo Stefanello, não escondeu seu orgulho. Para ele, o evento é a concretização de um sonho antigo dos produtores locais. “Este evento só cresce porque o produtor rural de Sidrolândia nunca desistiu de aumentar a produção, melhorar a produtividade e atrair mais empresas para fortalecer o comércio local”, disse ele, olhando para o futuro com otimismo. De fato, o evento se consolidou ao longo dos anos como um dos mais importantes do estado, atraindo lideranças como Jorge Michelc, presidente da Aprosoja/MS, e Adroaldo Hoffmann, da CNA.
As mulheres que transformam o campo
O que torna a participação feminina no campo ainda mais notável é a maneira como elas equilibram suas atividades diárias com o trabalho no agronegócio. Na quinta-feira, esse equilíbrio será tema central das palestras do Senar/MS, que não por acaso escolheu dar espaço às mulheres. Para Paula Martins, a capacidade delas de “manter a essência” ao mesmo tempo em que gerenciam com precisão a produção de leite é algo que precisa ser valorizado.
E não é só na produção de leite que as mulheres estão fazendo a diferença. Em toda a cadeia do agronegócio, elas estão assumindo funções de liderança e trazendo novas perspectivas. Como diz Natália Leite, o mercado está em expansão e precisa de pessoas capacitadas. “O campo não é mais o mesmo. Há espaço para todos, e as mulheres estão ocupando esses espaços com competência.”
O futuro do agronegócio em Sidrolândia
Com sua mistura de tradição e inovação, a Expo Sidrolândia continua a ser um ponto de encontro para quem faz o agronegócio de Mato Grosso do Sul acontecer. As palestras do Senar/MS são apenas uma parte da programação, que segue até o dia 15 de setembro. Para quem trabalha no campo, o evento é uma oportunidade de aprender, trocar experiências e se preparar para os desafios que estão por vir.
Mas talvez o que fique deste evento, além dos rodeios e shows, seja a força cada vez mais evidente das mulheres no agronegócio. Elas, que antes eram vistas como coadjuvantes, agora estão no centro do palco, seja na produção de leite ou na liderança de propriedades. Se o agronegócio brasileiro está mudando, é porque essas mulheres estão ajudando a plantar um novo futuro.
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