O jogo entre Brasil e Paraguai, disputado na noite de terça-feira no Estádio Defensores del Chaco, em Assunção, foi mais um capítulo de uma novela que vem ganhando contornos cada vez mais incômodos para os torcedores brasileiros. A Seleção, com seu histórico de cinco títulos mundiais, já não mostra o brilho de outrora. E, ao que parece, o eco de um futebol que encantava o mundo está se perdendo na distância.
Desde o início da partida, ficou claro que a equipe comandada por Dorival Júnior enfrentaria dificuldades. No primeiro tempo, Rodrygo, jovem promessa do Real Madrid, tentou chamar a responsabilidade para si e foi o único a apresentar lampejos de bom futebol. No entanto, sem companhia à altura, pouco pôde fazer. Endrick, também do Real, e Vinicius Júnior, a grande estrela, pareciam ausentes em campo, incapazes de furar a defesa paraguaia.
Lucas Paquetá foi um caso à parte. O meio-campista, que deveria orquestrar o jogo brasileiro, errou quase tudo o que tentou. Seus passes não encontravam destino e, frustrado, ele passou mais tempo reclamando com o árbitro do que jogando. A sensação de desorganização era visível, e a Seleção, novamente, falhava em atuar como um time.
O único momento de destaque do Brasil no primeiro tempo foi uma jogada trabalhada entre Endrick, Vinicius Júnior e Guilherme Arana, que terminou com a finalização do lateral-esquerdo, quase resultando em gol. Junior Alonso, porém, tirou a bola em cima da linha, garantindo que o zero permanecesse no placar para os brasileiros. Do outro lado, o Paraguai foi mais eficiente e pragmático. Sem grandes talentos individuais, a equipe conseguiu executar sua estratégia com precisão.
Diego Gómez, volante do Inter Miami e companheiro de Messi, acertou um lindo chute de trivela, com a bola batendo na trave antes de entrar, aos 18 minutos do primeiro tempo. Um gol que selou o destino da partida e colocou o Paraguai à frente no placar.
Na segunda etapa, Dorival Júnior tentou reorganizar o time com algumas substituições: João Pedro e Luiz Henrique entraram nos lugares de Endrick e Bruno Guimarães. Houve um aumento no volume de jogo e nas trocas de passes, mas o time continuou ineficaz. O Brasil tentou se impor, mas faltava algo. Talento individual havia, mas faltava coesão, estratégia clara e, principalmente, ousadia.
O Paraguai, por sua vez, armou-se bem defensivamente. Gatito Fernández, o goleiro que já é velho conhecido do futebol brasileiro, foi decisivo. Defendeu com tranquilidade as poucas tentativas de Vinicius Júnior, esticou-se para espalmar um chute potente e garantiu que a seleção verde-amarela não encontrasse o caminho do gol.
Sem criatividade, o Brasil apelou para as bolas aéreas, na esperança de que uma jogada milagrosa surgisse. Mas, em um cenário que se tornou comum nos últimos tempos, o desespero encontrou a competência da defesa paraguaia. A maior seleção do mundo, aquela que orgulha o país com seus cinco títulos mundiais, deixou o campo sob os gritos de “olé” da torcida adversária.
No presente, o orgulho do passado parece não ser mais suficiente. E o futuro, pelo que se viu em Assunção, ainda é uma incógnita.
FICHA TÉCNICA
PARAGUAI 1 X 0 BRASIL
PARAGUAI – Gatito Fernández; Cáceres, Balbuena, Junior Alonso e Alderete (Velásquez); Bobadilla, Villasanti, Diego Gómez (Ramón Sosa) e Almirón (Cuenca); Enciso (Riveros) e Isidor Pitta (Alex Arce). Técnico: Gustavo Alfaro.
BRASIL – Alisson, Danilo, Marquinhos, Gabriel Magalhães e Guilherme Arana (Estêvão); André, Bruno Guimarães (Luiz Henrique) e Lucas Paquetá (Gerson); Rodrygo (Lucas Moura), Endrick (João Pedro) e Vinicius Júnior. Técnico: Dorival Júnior.
GOL – Diego Gómez, aos 18 minutos do primeiro tempo.
CARTÕES AMARELOS – Bobadilla, Junior Alonso, Lucas Paquetá, Diego Gómez, Almirón e Vini Jr.
ÁRBITRO – Andres Matonte (Uruguai).
PÚBLICO E RENDA – Não divulgados.
LOCAL – Estádio Defensores del Chaco, Assunção, Paraguai
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