As recentes alterações no Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), aprovadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), têm sido objeto de intenso debate e preocupação no cenário agrícola do estado de Mato Grosso do Sul. Com o objetivo declarado de conter gastos excessivos e combater possíveis irregularidades que têm afetado o programa, as mudanças apresentam um duplo desafio: equilibrar a gestão financeira e assegurar o suporte necessário aos agricultores em face dos desafios climáticos cada vez mais frequentes.
Representantes e especialistas do agronegócio do estado expressam apreensão quanto aos potenciais impactos negativos das revisões no Proagro. A redução do teto de financiamento pelo governo e do valor anual de garantia de renda mínima suscitam preocupações sobre a capacidade de os agricultores enfrentarem adversidades climáticas e pragas que têm assolado a região.
Jean Américo, analista de economia da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Sistema Famasul), destaca a importância crucial do Proagro como um instrumento de proteção para a produção agrícola, especialmente para os pequenos produtores, em um contexto de desafios climáticos crescentes.
Entretanto, há vozes que reconhecem aspectos positivos nas mudanças, como a simplificação dos processos burocráticos para acesso ao seguro. Ainda assim, Staney Barbosa Melo, economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho (SRCG), adverte que as revisões podem limitar a abrangência do programa, deixando muitos produtores desprotegidos.
A economia projetada de R$ 2,9 bilhões até 2025, de acordo com o Banco Central, será direcionada ao Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR). O Ministério da Agricultura defende que essa realocação não prejudicará os agricultores, pois o PSR é mais amplo e sem limitações de receita, garantindo cobertura inclusive para agricultores familiares que excedam os limites do Proagro.
Apesar dos esforços do governo em justificar as mudanças, persistem preocupações sobre o acesso ao crédito rural e a segurança dos produtores, especialmente os pequenos. O debate sobre as implicações das novas medidas continuará enquanto estas entram em vigor em 1º de julho, coincidindo com o próximo ciclo agrícola.
cmn