PSDB, Cidadania,Solidariedade, PV, Avante, PDT e Podemos formarão uma grande federação politica

Após as eleições municipais de outubro, a federação formada pelo PSDB e Cidadania deve ganhar o reforço de mais cinco partidos: Solidariedade, PV, Avante, PDT e Podemos.

As negociações estão a cargo do presidente nacional do PSDB, o ex-governador Marconi Perillo, e foram confirmadas pelo presidente estadual do partido, o ex-governador Reinaldo Azambuja, que é o tesoureiro da Executiva Nacional da sigla.

“O partido tem conversado com essas siglas, porém ainda temos um longo caminho a ser percorrido até que isso se concretize. Acredito que as tratativas só vão andar após as eleições municipais”, declarou Reinaldo Azambuja.

Neste fim de semana, Marconi Perillo confidenciou ao colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, que avançou uma casa a conversa sobre a federação PSDB-Cidadania-Solidariedade com direito às adesões do PV, Avante, PDT e Podemos, que passaram a avaliar a possibilidade de se unirem ao grupo após as eleições municipais.

As conversas do PSDB com PDT e Podemos sobre uma eventual federação partidária estão em “nível avançado”, mas o líder nacional da legenda ponderou que o martelo só deve ser batido após as eleições municipais deste ano.

Marconi Perillo revelou que o clima é muito favorável, pois se trata de uma abordagem crucial para a sobrevivência do PSDB, priorizando o pragmatismo mesmo.

As eleições municipais deste ano são vistas pelo PSDB como um teste para uma nova plataforma política de “terceira via”.

A sigla, que governou o Brasil por duas vezes, viu sua capilaridade derreter nas urnas e lideranças históricas aderirem ao bolsonarismo ou a outros projetos políticos nos últimos anos.

As conversas envolvendo a aliança com o Podemos foram iniciadas ainda em 2022, quando o ex-deputado federal Bruno Araújo estava à frente do partido – diante de impasses regionais, as tratativas não avançaram.

Agora, com a chegada de Perillo ao comando do tucanato, lideranças da legenda voltam a apostar no sucesso das tratativas.

No caso do PDT, a aproximação é mais recente e envolve uma costura liderada por caciques da sigla no Ceará, a exemplo de Ciro Gomes.

Sem abrir pontes de diálogo com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-ministro tem acenado positivamente à aliança, de olho na construção de uma alternativa ao PT e ao bolsonarismo em 2026.

Desde 2017, as coligações foram extintas nas eleições proporcionais, que escolhem deputados e vereadores.

No entanto, a legislação continuou a permitir a união de partidos em torno de uma única candidatura nas disputas majoritárias (para presidente, senador, governador e prefeito).

Com a criação das federações, instituída em 2022, os partidos podem se unir na disputa por qualquer cargo, desde que permaneçam assim por todo o mandato conquistado. A federação vale para eleições majoritárias e proporcionais.

A principal diferença entre os modelos, portanto, é o caráter permanente das federações, uma vez que as alianças firmadas nas coligações valem apenas até a eleição e podem ser desfeitas logo em seguida.

O PSDB, que hoje está federado por quatro anos com o Cidadania, elegeu 18 deputados federais e quatro senadores em 2022.

Por sua vez, o Podemos, que se fundiu com o PSC em junho do ano passado, tem 18 deputados federais e sete senadores, enquanto o PDT tem uma bancada com 20 congressistas.

ANÁLISE

Na avaliação do cientista político Tércio Albuquerque, há uma certeza de que está cada vez mais difícil a sobrevivência partidária sem que se estabeleça um critério de ampliação de base política na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.

“Quando a representatividade é reduzida, obviamente que se perde as condições de ter benefícios dentro da estrutura política nacional. Isso foi o que a reforma política trouxe de novidade. Então, a partir desse momento, muitos partidos começaram a se organizar em federação partidária”, declarou.

“O partido tem conversado com essas siglas, porém ainda temos um longo caminho a ser percorrido até que isso se concretize. Acredito que as tratativas só vão andar após as eleições municipais”, Reinaldo Azambuja, comentando a nova federação

Ele acrescentou que muito diferente do que, obviamente, os projetos iniciais que antes eram feitos com coligações, porque essas eram muito rápidas, a federação cria uma estrutura partidária para o período do mandato ao qual foi constituída.

“E aí é uma somatória de benefícios, além da representatividade. Então, realmente, trata-se de questão de sobrevivência. Nós não estamos falando só de pequenos partidos, no caso nós estamos falando de partidos que já tiveram representatividade, já estiveram na Presidência da República, como é o caso do PSDB, e de partidos importantes como o PDT”, citou.

Tércio Albuquerque reforçou que essas duas grandes legendas estão trabalhando com importantes representatividades também dos políticos que compõem essas bases.

“Nós estamos falando de Marconi Perillo, nós estamos falando de Ciro Gomes, são representações nacionais que são bastante conhecidas, dentre outras tantas”, lembrou.

O cientista político argumentou que, se nós pensarmos no que hoje já tem de realidade nas federações compostas envolvendo esses partidos, nós vamos chegar a mais de 50 representantes no Senado e na Câmara dos Deputados.

“Portanto, a consolidação das federações realmente hoje é uma realidade importante para criar uma possibilidade nova de enfrentamento ao bolsonarismo e ao PT nas próximas eleições majoritárias”, assegurou.

Para ele, essa é a grande preocupação, porque senão vai ficar polarizado de novo, sem alternativas terceiras, que dão inclusive ao eleitor uma possibilidade de escolha melhor.

“Porque fica em uma situação daqueles que não apoiam sequer PT ou mesmo o bolsonarismo não terem em quem votar, a não ser representativas diminutas que não trazem depois um resultado com benefícios à sociedade como um todo”, declarou.

Tércio Albuquerque argumentou que esse é um caminho importante e muito provavelmente vamos ver muitas outras federações sendo formadas, senão uma aglutinação maior em um número bem grande de partidos, não só vinculado ao PSDB, Cidadania, Solidariedade, PV, Avante, PDT e Podemos.

“Após as eleições de 2024, vamos ter modificações importantes na política nacional e os reflexos começam a partir de agora, nas eleições municipais, porque, a depender do resultado do pleito deste ano, é que nós vamos ter a visão nacional como será desenhada para 2026”, finalizou.

 

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